Posicionada em frente ao computador, penso em produzir um texto para o Jornal do Sudeste. Antes mesmo da primeira palavra ser digitada, meu pensamento escapa para o próximo curso que preciso organizar. Também percebo alguns livros aqui na minha mesa de trabalho. Leituras necessárias, afinadas com meu propósito de vida, com meu trabalho, com o desenvolvimento de soft skills...ah! sim, o texto! Volto a ele, mas não sem antes dar uma espiada rápida nas notícias na internet e uma conferida básica no WhatsApp. Demorou só uma meia horinha para que eu me reconectasse ao meu objetivo.
Isso acontece com você também? Saiba que a dispersão é um grande problema para a maioria das pessoas e das organizações. O excesso de estímulos e de informações que o ambiente nos oferece simultaneamente causa uma espécie de “síndrome de múltiplas telas”, que divide nossa atenção. Claro que antes da era digital já havia muitos temas, coisas da vida, disputando nossa atenção. Mas agora, além do “alt+tab”, os links nos levam para pontos distantes no mundo. Ficamos na situação de corpo presente e pensamento ausente e saltitante. Consequentemente, isso nos leva a viver as experiências do dia a dia de modo superficial. Assuntos banais roubam espaço daqueles que são importantes, porém essa importância pode até passar despercebida, perdida em meio a tantas atrações.
Dentre as consequências da dispersão podemos listar a postergação, a baixa produtividade, o resultado aquém do esperado. Disso resta o abalo à autoestima pelos resultados medíocres, frustração, tristeza, ansiedade, depressão. Avançamos pouco, difusos, perdidos, talvez convencidos de que não temos competência para progredir. Você sente e pensa assim algumas vezes? Deseja ser integrante de uma equipe de alta performance? Então treine para desenvolver a capacidade de concentrar a atenção.
Internamente, cada um de nós tem mais ou menos tendência à divagação, e relativamente mais ou menos facilidade para desenvolver o hábito de se manter concentrado. Há quem viva preocupado, ansioso, pensando mais no passado ou no futuro do que no presente. Para esses, a meditação é um excelente exercício, pois conduz à atenção plena, ao relaxamento. Faz muito bem ao cérebro.
Mindfulness é sinônimo de atenção plena. É envolver todos os sentidos no momento presente. O que você sente agora? No que você pensa? O que vê? Quais aromas e sabores lhe são perceptíveis e quais sons pode ouvir neste instante? Há algo mais nessa experiência avançada do “aqui e agora”? Mindfulness não é nada novo, é uma prática budista de milhares de anos, e ajuda muito a saúde mental, reduz depressão e ansiedade, melhora a cognição e a memória.
Já quando se trata dos estímulos externos à dispersão, oferecidos pelo ambiente, o desafio é maior e são necessários mais esforços para o redirecionamento da atenção quando nos distraímos. Treinar e desenvolver a atenção plena traz inúmeros benefícios: encurta o caminho para o alcance dos nossos objetivos, aumenta nossa produtividade, evita acidentes, tanto em casa como no trabalho ou no trânsito. Falar ao celular enquanto se faz outra coisa é um ato arriscado, isso é sabido.
Outro viés da problemática da falta de atenção concentrada é o que se perde em cada experiência vivida, por não estar inteiro no momento. Isso pode levar a pessoa a passar rasa pela vida.
Atenção concentrada é sobre fazer bem feito tudo que se faz, reduzir riscos e prolongar os prazeres. Diga lá: você é do tipo que mastiga o chocolate ou o deixa derreter na boca?
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