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A TÉCNICA DO JOURNALING – OU “COMO CONQUISTAR AUTOCONHECIMENTO?”

Journaling é uma técnica de relato usada pelos jornalistas. Pedimos licença a esses profissionais para usá-la na busca pelo autoconhecimento. Consiste em redigir frequentemente textos para registro das próprias vivências cotidianas.


Trago comigo uma frase repetida pela personagem da maravilhosa Meryl Streep no filme “A casa dos espíritos”, de 1993. Ela diz “eu escrevo para entender a relação entre os acontecimentos”. Observem que a busca pela inteligência sistêmica já existia há pelo menos 30 anos, no cinema, e é um dos atributos mais requisitados, não apenas pelo mercado de trabalho e carreira, mas pela vida em geral. Ainda que às vezes as pessoas não consigam nomeá-lo adequadamente, é provável que a desejem inconscientemente, querem ter clareza quanto à conjuntura da própria vida, desejam encontrar a si mesmas e compreender a relação entre o eu e a realidade externa, concreta.


Sabemos que os fatos não ocorrem de modo isolado, não seguem uma evolução linear de causa e efeito, como nos fizeram pensar nas escolas ocidentais. Os acontecimentos são interligados e às vezes essa interligação é de longo alcance, difícil até de imaginar. Para os que gostam de lógica, o raciocínio sistêmico pode parecer confuso. É uma questão de manter o pensamento aberto a novos paradigmas, desta vez, o pensamento complexo. Ele abre novas perspectivas.


Está perdido nessa conversa? Pois então comece ainda hoje a registrar os acontecimentos da sua rotina diária que considerar importantes, o que foi bom e o que não foi durante o dia. Ao escrever você organizará os dados e terá informações para refletir sobre si, sobre as relações com quem é importante para você, sobre os aprendizados diários e sobre motivos para sentir gratidão – pelo que foi bom ou pelo mal eventualmente evitado.


Quando estiver habituado a escrever sobre os acontecimentos diários, siga para o próximo passo: inclua observação e registro sobre seus pensamentos e sentimentos. Sério. A maioria de nós pensa que sabe o que e como pensa, mas isso não é autoengano para a maioria. Estar atento aos próprios pensamentos, sentimentos e sensações requer estar inteiro em cada experiência. É o tal “estar atento ao aqui e ao agora”. Você consegue ler esse texto até o fim sem divagar? Para isso é preciso mudar certos hábitos que nos fazem viver na automação, na corrida por...o que mesmo?



Importante ressaltar que não podemos julgar nossos pensamentos, sentimentos e sensações, e sim acolhê-los, ser carinhosos, cuidadosos e ter compaixão conosco, primeiro, e depois com todos os outros, respeitando as diferentes realidades. Também, não há como estar pleno na própria vivência se você estiver pensando no outro (o outro é todo não-eu). Ademais, ele pode ser diferente do que você gostaria, e isso chateia qualquer autopesquisador. Você é a pessoa mais importante nesse exercício, evite desvios de atenção.


Abra o seu coração, aceite uma proposta nova, faça uma experiência de pelo menos duas semanas de registros. Você vai poder olhar para as situações de cima, como se observasse um jogo de tabuleiro. Assim como no jogo, você ficará empoderado para escolher a próxima jogada, não por impulso determinado por um estímulo externo e uma emoção decorrente, mas pela clareza com que você vê a situação. Agora, com base nos seus registros, tome decisões lúcidas, mais acertadas e alinhadas com a vida que você quer.


A técnica do jornaling é uma ferramenta de autoconhecimento muito preciosa. Nossa memória é fraca e tendenciosa, gravamos mais facilmente as experiências desagradáveis, distorcemos a realidade. No entanto, todos os dias vivemos coisas boas. Lançar luz sobre elas vai nos deixar mais felizes. É uma técnica recomendada por pesquisadores da ciência da felicidade. Eu, na condição de mentora, aderi a ela faz tempo. Observe. Registre. Depois me conte.


Elena Bandeira, psicóloga, mentora de carreira.

Insta: elena_bande


 

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